Estamos em mais um feriadão de 15 de novembro, comemoração da Proclamação da República. Quem sabe o que isso significa? Qual a importância da República?
É mais um feriado que serve apenas como folga, e não como momento para se pensar a importância e o significado da Proclamação da República. Devemos pensar não apenas como um momento histórico, 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República, liderada pelos militares positivistas (ordem e progresso!), exaltando-se a figura de Marechal Deodoro. Claro que o fato histórico é de grande relevância e é isto que se comemora, mas devemos perceber o 15 de novembro como um dia para se pensar, analisar o que é uma República, se somos realmente uma República e o que precisamos fazer para torná-la plena.
República nos remete à Roma Antiga, com o conceito de Res Publica – a coisa pública, em oposição à Res Privada – coisa privada, particular. Aquilo que é público, que é da sociedade e deve ser de seu controle, isto é uma República, enquanto que a vida privada fica restrita às vidas particulares, ainda que muitas vezes também seja regulada pelo Estado e, em última análise, pela sociedade.
Uma República de fato necessita que o público seja de fato público e para isso é preciso que haja interesse neste sentido, tanto de quem exercer cargos públicos, quanto – e principalmente – de quem deve exercer a soberania, que é o povo. Neste último acredito que tenhamos o ponto mais difícil e que necessita maior trabalho e reflexão. A democracia representativa se apresenta hoje como a “democracia do público” (como define Bernard Manin), onde o eleitorado é o público que reage aos termos propostos no “palco” da política, é preciso que se amplie a democracia para além da representação. O “político” é percebido como uma pessoa distante e – pior! – desonesto.
Na verdade político somos todos nós, pois vivemos
Por fim deixo uma citação de Patrick Champagne, de seu livro Formar a Opinião: O Novo Jogo Político:
"A política deve ser uma coisa diferente desse universo, digno da ficção científica, no qual o povo só existiria sob a forma de sondagens(de preferência telefônicas) e assistiria na televisão às lutas que, ‘em seu nome’, seriam travadas pelos diferentes clãs de um mundo político que, de fato, obedeceria exclusivamente à lógica de suas lutas intestinas".
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