domingo, 16 de novembro de 2008

15 de novembro




Estamos em mais um feriadão de 15 de novembro, comemoração da Proclamação da República. Quem sabe o que isso significa? Qual a importância da República?

É mais um feriado que serve apenas como folga, e não como momento para se pensar a importância e o significado da Proclamação da República. Devemos pensar não apenas como um momento histórico, 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República, liderada pelos militares positivistas (ordem e progresso!), exaltando-se a figura de Marechal Deodoro. Claro que o fato histórico é de grande relevância e é isto que se comemora, mas devemos perceber o 15 de novembro como um dia para se pensar, analisar o que é uma República, se somos realmente uma República e o que precisamos fazer para torná-la plena.

República nos remete à Roma Antiga, com o conceito de Res Publica – a coisa pública, em oposição à Res Privada – coisa privada, particular. Aquilo que é público, que é da sociedade e deve ser de seu controle, isto é uma República, enquanto que a vida privada fica restrita às vidas particulares, ainda que muitas vezes também seja regulada pelo Estado e, em última análise, pela sociedade.

Uma República de fato necessita que o público seja de fato público e para isso é preciso que haja interesse neste sentido, tanto de quem exercer cargos públicos, quanto – e principalmente – de quem deve exercer a soberania, que é o povo. Neste último acredito que tenhamos o ponto mais difícil e que necessita maior trabalho e reflexão. A democracia representativa se apresenta hoje como a “democracia do público” (como define Bernard Manin), onde o eleitorado é o público que reage aos termos propostos no “palco” da política, é preciso que se amplie a democracia para além da representação. O “político” é percebido como uma pessoa distante e – pior! – desonesto.

Na verdade político somos todos nós, pois vivemos em uma República, e só a participação e interesse de todos fará com que, enfim, após quase 120 anos, possamos falar em uma República plena, não apenas com instituições democráticas fortes, mas com uma efetiva participação da sociedade.

Por fim deixo uma citação de Patrick Champagne, de seu livro Formar a Opinião: O Novo Jogo Político:


"A política deve ser uma coisa diferente desse universo, digno da ficção científica, no qual o povo só existiria sob a forma de sondagens(de preferência telefônicas) e assistiria na televisão às lutas que, ‘em seu nome’, seriam travadas pelos diferentes clãs de um mundo político que, de fato, obedeceria exclusivamente à lógica de suas lutas intestinas".




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